A mentira, para quem não em mitomania pode ser motivada por vários fatores. Muitas vezes, as pessoas mentem para evitar conflitos, proteger-se de uma situação embaraçosa ou buscar aceitação em algum grupo social.
No entanto, quando se torna um hábito incontrolável, pode ser sinal de um transtorno psicológico conhecido como mitomania – caracterizado pela compulsão em mentir de forma frequente, muitas vezes sem uma razão aparente.
Segundo a psicóloga da Hapvida, Michelle Costa, a mitomania vai além da mentira pontual; trata-se de um padrão compulsivo de criar e sustentar inverdades.
“A mentira é algo inerente ao ser humano. A diferença está em ser uma ação isolada ou uma necessidade constante, da qual a pessoa não consegue se desvincular. Muitas vezes, serve como uma forma de mascarar uma verdade dolorosa ou difícil de aceitar. Nesse contexto, quem mente acaba obtendo algum tipo de ganho, como aceitação social ou autopromoção”, explica.
Essa distorção recorrente da realidade compromete não apenas a vida de quem mente, mas também das pessoas ao seu redor.
Em um documentário sobre a vida pessoal do cantor Belo, sua ex-esposa, a influencer Gracyanne Barbosa, comenta o comportamento compulsivo do artista em relação à mentira – inclusive sobre assuntos triviais. Ela descreve essa postura como uma barreira insuperável no relacionamento dos dois.
Michelle alerta que esse comportamento acaba minando a confiança e os vínculos sociais. “É difícil confiar em alguém com mitomania, pois nunca se sabe o que, de fato, é verdade em seu discurso”, diz a especialista.
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Causas e sintomas da mitomania
A mitomania pode surgir de diversas causas, que vão desde traumas, baixa autoestima e necessidade de aceitação social, até quadros psicóticos. Michelle aponta que o transtorno pode estar ligado a outras condições de saúde mental, como o delírio de grandeza e o narcisismo.
Os sintomas vão desde a construção de mentiras elaboradas e frequentes até a criação de histórias fantasiosas, a dificuldade em assumir responsabilidades e a ausência de culpa ou arrependimento após mentir. Em muitos casos, o mitomaníaco acredita nas próprias invenções.
“As mentiras são contadas com tanta convicção que a própria pessoa passa a acreditar nelas”, destaca a psicóloga.
Tratamento
Identificar o transtorno pode ser um desafio. Familiares e amigos devem ficar atentos a padrões de mentira repetitivos e histórias fantasiosas. Nesses casos, é importante procurar ajuda especializada o quanto antes.
A psicóloga ressalta que a mitomania não se trata de má-fé.
“O mitomaníaco não sente culpa por mentir; na verdade, pode sentir que está sendo incoerente consigo mesmo quando tenta falar a verdade. Por isso, deve-se procurar ajuda. Embora a mitomania não tenha uma cura definitiva, é possível gerenciar os sintomas por meio de tratamento, para que a pessoa aprenda a lidar com esse comportamento e reconstrua suas relações”, finaliza.
Fonte: ClickPB