Buscas
Equipes do Gaeco, CGU e Polícia Civil cumpriram hoje 6 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Tribunal de Justiça do Estado. As ordens são assinadas pelo desembargador Carlos Eduardo Leite Lisboa e buscam a coleta de dados sobre um suposto ‘esquema’ que teria provocado prejuízos de R$ 126 milhões em benefícios de aposentados e pensionistas.
A investigação foi iniciada no fim do ano passado, com o afastamento de um juiz da Comarca de Gurinhém.
Na segunda fase foram cumpridos mandados de busca em endereços de Irley de Souza Carneiro da Cunha, chefe de cartório da Comarca de Caaporã; do advogado Hilton Souto Maior Neto; além de imóveis relacionados a Armando Palhares Silva Júnior, Guilherme Queiroz e Silva, Rackson Santos de Lima e Jairo Meletti.
Um dos mandados foi cumprido no Estado de São Paulo. Os demais nas cidades paraibanas de Sapé, Cabedelo e João Pessoa.
No decorrer das investigações a Justiça determinou o bloqueio de R$ 10 milhões em bens dos investigados.
O Blog ainda não conseguiu contato com os nomes citados pela Operação Retomada II. O espaço, claro, estará sempre aberto.
O que diz o MP sobre a investigação
As investigações apontam para a atuação coordenada de agentes públicos e particulares – incluindo um servidor do Poder Judiciário Estadual e advogados – na captação de nomes para figurarem como associados de entidades constituídas de forma fraudulenta, no ajuizamento de ações coletivas em Juízos previamente escolhidos, sem qualquer vínculo com as partes, e na confecção de decisões judiciais favoráveis aos integrantes do esquema.
Por meio desses processos judiciais, os investigados buscavam obter decisões para realizar descontos indevidos nos benefícios previdenciários de aposentados e pensionistas de diversos órgãos públicos, incluindo o INSS.
Em aprofundamento das diligências, identificou-se a prática sistemática de fraudes envolvendo empréstimos ofertados a idosos, por meio de associações fictícias que, sob o disfarce de contribuições associativas, operavam como instituições financeiras informais, à margem da regulação do Banco Central e das normas de proteção ao consumidor.
Essas entidades, controladas por advogados vinculados à organização criminosa, aliciavam aposentados e pensionistas — especialmente os mais vulneráveis — induzindo-os à assinatura de termos de adesão que, na prática, encobriam contratos de mútuo com juros abusivos, disfarçados de mensalidades para serviços inexistentes.
As ações eram propostas em comarcas dominadas pela ORCRIM, com requerimentos de homologações extrajudiciais das “adesões”, sem contraditório e sem atuação do Ministério Público.
As decisões, prolatadas em tempo recorde, baseavam-se em documentação forjada, conferindo aparência de legalidade aos descontos indevidos. Em muitos casos, as vítimas sequer tinham ciência da existência das ações, tomando conhecimento apenas quando seus proventos eram atingidos.
Alarmantemente, tais demandas tramitavam sob segredo de justiça, obstando a atuação institucional e o exercício da ampla defesa por consumidores hiper vulneráveis.
Até o momento já foram identificadas 11 associações e entidades fraudulentas que moveram mais de 230 ações coletivas no Estado da Paraíba, atingindo mais de 100 mil aposentados e pensionistas de todo o país e descontos ilegais nos benefícios previdenciários que somam mais de 126 milhões de reais.
Além disso, o esquema visava a concessão de liminares para excluir registros negativos em cadastros de proteção ao crédito (SPC, SERASA etc.) sem a efetiva quitação dos débitos (modalidade limpa nome); a suspensão dos descontos de empréstimos consignados em contracheques de servidores, aposentados e pensionistas, liberando artificialmente a margem consignável para novas contratações, sem o pagamento das operações anteriores (modalidade limpa margem); e a reativação de créditos expirados ou a reversão de políticas contratuais dos programas de fidelidade de companhias aéreas, gerando benefícios financeiros indevidos aos participantes do esquema (revitalização de milhas).
Fonte: Jornal da Paraíba