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EUA e Irã iniciam negociações medindo forças sobre o programa nuclear


Ao lado do premiê de IsraelBenjamin Netanyahu, o presidente Donald Trump anunciou para sábado (5) as primeiras negociações diretas de alto nível, em uma década, entre EUA e Irã.

O chanceler iraniano, Abbas Araghchi, esclareceu, contudo, que o diálogo seria indireto e mediado em Omã. O fato é que os dois países começam a conversar, medindo forças.

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“Acho que todos concordam que fazer um acordo seria preferível a fazer o óbvio. E o óbvio não é algo com que eu queira me envolver, ou francamente, com que Israel queira se envolver, se puder evitar”, disparou Trump.

Os Estados Unidos partem do princípio de que o Irã não pode ter uma arma nuclear.

Pelo X, o ministro das Relações Exteriores reagiu, seguindo a linha de ação da república teocrática de não iniciar negociações diretas enquanto estiver sob pressão:

“É tanto uma oportunidade quanto um teste. A bola está na quadra dos EUA.”

Da última vez em que os dois países negociaram, em 2015, o resultado foi um acordo nuclear, assinado com outros países: o Irã teve um alívio nas sanções econômicas do Ocidente em troca de limitar seu programa nuclear, supervisionado pela agência atômica da ONU. Os EUA eram governados por Barack Obama.

Após assumir a Presidência, em seu primeiro mandato, Trump abandonou unilateralmente o acordo e ampliou as sanções para quem fizesse negócios com o Irã. A intenção era asfixiar o programa nuclear e, por consequência, o apoio financeiro do regime a seus parceiros no Oriente Médio, como Hamas, Hezbollah e Houthis, entre outros.

Nos anos seguintes as tensões regionais deram provas suficientes para mostrar que a estratégia não funcionou. O Irã acelerou o programa nuclear, que insiste, a despeito das evidências contrárias, ser pacífico.

Um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica apresentado em fevereiro passado constatou que o país aumentou sua produção de urânio enriquecido a 60% em 92,5 quilos em relação a novembro de 2024.

De acordo com a AIEA, aproximadamente 42 quilos de urânio enriquecido a 60% são teoricamente suficientes para produzir uma bomba atômica, se enriquecidos ainda mais para 90%. E o Irã, atesta a agência, está a um passo técnico disso.

“O aumento significativo da produção e acumulação de urânio altamente enriquecido pelo Irã, o único Estado sem armas nucleares a produzir tal material nuclear, é uma preocupação séria”, afirma o relatório.

De volta ao comando dos EUA

De volta à Casa Branca, Trump propôs em carta novas negociações com o regime, sob a ameaça de consequências caso um acordo não fosse alcançado em dois meses. O presidente americano vem repetindo que os EUA estão em seus momentos finais com o Irã.

“Não podemos deixá-los ter uma arma nuclear. Algo vai acontecer muito em breve. Eu preferiria um acordo de paz à outra opção, mas a outra opção resolverá o problema”, disse ele.

Numa entrevista à NBC, o presidente foi mais assertivo. “Se eles não fizerem um acordo, haverá bombardeios, e serão bombardeios como eles nunca viram antes.”

Em março, a República Islâmica rejeitou negociações diretas, mas deixou aberta a possibilidade de conversas indiretas. “Não evitamos conversas; é a quebra de promessas que nos causou problemas até agora. Eles (os americanos) devem provar que podem construir confiança”, alegou o presidente Masoud Pezeshkian, em uma reunião de Gabinete.

Confiança é uma palavra que passa ao largo dos dois interlocutores. A frágil situação econômica, com inflação alta e queda do rial, e o enfraquecimento de seus aliados no Oriente Médio parecem empurrar o Irã para as negociações com os EUA.

“O Irã estará em grande perigo se as ameaças não forem bem-sucedidas” advertiu o presidente americano nesta segunda-feira no Salão Oval.

A opção militar dos EUA não garante o desmantelamento das instalações iranianas e, apesar das ameaças, a possibilidade de o regime abrir mão de seu programa nuclear se mostra muito distante da realidade almejada por Trump e Netanyahu.

G1.



Fonte: ClickPB

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