PUBLICIDADE

Abrigo de indígenas no Centro de João Pessoa enfrenta suspeita de surto de leptospirose



				
					Abrigo de indígenas no Centro de João Pessoa enfrenta suspeita de surto de leptospirose

Jamerson Lucena/Arquivo pessoal

Um abrigo localizado no centro de João Pessoa, que acolhe indígenas venezuelanos da etnia warao, está sob investigação devido à suspeita de surto de leptospirose. A denúncia partiu dos próprios moradores, que relatam superlotação, condições sanitárias precárias e aumento de casos de doenças infecciosas, como dengue e leptospirose. A Secretaria Municipal de Saúde confirmou os diagnósticos das doenças.

Em 16 de abril, uma ação conjunta da Secretaria de Saúde foi realizada no abrigo após duas irmãs venezuelanas serem internadas com sintomas graves da doença. Durante a operação, foram feitos 55 atendimentos clínicos, 17 consultas médicas e 10 coletas laboratoriais. Até agora, foram confirmados cinco casos de leptospirose e três de dengue, mas outros exames seguem em análise.

Segundo Ramón Gomez, líder do abrigo e intermediador cultural, outros moradores também foram hospitalizados. Quatro familiares de Ramón, incluindo esposa e filho, também apresentaram sintomas de leptospirose. A Secretaria de Saúde informou que nenhum dos casos confirmados permanece internado em unidade hospitalar.

De acordo com o Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM), responsável pelo abrigo, disse que o local originalmente comportaria cerca de 50 pessoas, atualmente abriga quase o dobro desse número. A superlotação tem sido apontada por representantes da Pastoral Warao como um fator que agrava a situação sanitária e aumenta a vulnerabilidade do grupo a doenças infecciosas.

Moradores denunciam a falta de infraestrutura e relatam medo de novos surtos. “A fossa está cheia há meses. Isso está a causar doenças. É uma situação muito grave”, alertou o cacique Ramón.

Uma denúncia sobre as condições sanitárias foi protocolada no Ministério Público Federal nesta quinta-feira (24). Ao Jornal da Paraíba, a SPM esclareceu que o problema decorre de um entupimento no sistema de esgoto, agravado pela sobrecarga e atrasos no repasse de verbas estaduais. O serviço de desobstrução está previsto para a sexta-feira (25).

A Pastoral informou ainda ao Jornal da Paraíba que sua atuação no abrigo se limita ao fornecimento de alimentos, materiais de higiene e apoio com aluguéis, sendo responsabilidade da Prefeitura as ações de saúde pública. Estão previstas intervenções emergenciais no local, além da busca por um novo espaço para abrigar os indígenas.

Uma equipe da Vigilância Sanitária municipal realizou vistoria completa no imóvel. Um relatório técnico está em elaboração e orientará as próximas medidas de controle e prevenção. Ainda não há previsão para a conclusão desse documento.



Fonte: Jornal da Paraíba

PUBLICIDADE

Mais recentes